Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
62 Denervação Simpática Renal no tratamento da Hipertensão Arterial Não Controlada Esmeralci Ferreira e Valerio Fuks Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.60-73, jan-abr 2024 ≥140/90 mmHg para hipertensos em geral e >130/80 mmHg para pacientes de alto risco, como os diabéticos). (7) Vários estu- dos evidenciam que a prevalência de HAR varia entre 3% e 30%, sendo que dentro deste grupo há os chamados hipertensos refratários (aqueles em uso de 5 ou mais classes de anti-hipertensivos). (1,2) AHAR não controlada e HAS refratária (HARRef) foram denominadas como HAS não controlada (HANC) pelos posicionamen- tos das sociedades americanas e europeias. (8) Metanálise de 48 estudos envolvendo cerca de 350.000 pacientes mostrou que mesmo um modesto declínio na PA de 5 mmHg, em 4 anos de seguimento, reduz o risco de eventos cardiovasculares em torno de 10%, sendo que quanto maior o efeito anti-hipertensivo, maior o benefício nos desfechos cardiovasculares. (9) A possibilidade de intervenções per- cutâneas, não farmacológicas, como fazendo parte de uma terapia adjunta ao trata- mento da HANC passou a ser uma opção extremamente factível, desde a década de 2010, quando os resultados da denerva- ção simpática renal (DSR) começaram a ser analisados. Esta revisão sumariza os principais estudos existentes no emprego da DSR para o tratamento da HANC. (7) DIAGNÓSTICO DE HANC E RISCOS CARDIOVASCULARES A HANC verdadeira pressupõe a ex- clusão de todas as causas secundárias da HAS, além de outras condições associadas, que possam interferir no adequado controle pressórico, o que caracteriza a pseudor- resistência. Os pacientes com HANC são mais suscetíveis ao desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como AVC, insu- ficiência cardíaca, doenças renais crônicas, doenças vasculares arteriais periféricas e isquêmicas do miocárdio, quando compa- rados a hipertensos de estágios inferiores e controlados. (7) PAPEL DO SNS NA HANC O sistema nervoso simpático (SNS), através de fibras eferentes e aferentes são importantes na regulação da pressão ar- terial e na patogênese da HANC, condição essa comumente caracterizada por uma hiperatividade do SNS. A inervação renal é composta de fibras eferentes e aferentes. A rede neural é estruturada por vasos sanguí- neos, túbulos, pelve renal e os glomérulos que transmitem sinais sensoriais e simpáti- cos para o cérebro. Fibras eferentes renais regulam o fluxo sanguíneo renal, taxa de filtração glomerular, reabsorção tubular de sódio e água, bem como liberação de renina e prostaglandinas, que contribuem para a regulação cardiovascular e renal. Fibras aferentes renais completam o feedback através de núcleos autonômicos centrais, onde os sinais são integrados e modulam o fluxo simpático central. Assim, ambos os tipos de fibras nervosas simpáticas formam partes integrantes da autorregulação do reflexo renal. (10)
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