Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
63 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.60-73, jan-abr 2024 Denervação Simpática Renal no tratamento da Hipertensão Arterial Não Controlada Esmeralci Ferreira e Valerio Fuks O aumento das atividades das fibras eferentes do SNS resulta na vasoconstrição arteriolar renal, redução na filtração glo- merular e aumento na secreção de renina e subsequente angiotensina e aldosterona. Estas alterações levam à retenção de sódio e retenção hídrica, com consequente au- mento da PA. (11) A ativação das fibras aferentes pode ser mediada pela isquemia renal, hipóxia ou estresse oxidativo que facilita o aumento da estimulação hipotalâmica e o fluxo sim- pático ao aparelho justa-glomerular, que aumentarão os já mencionados mediadores da resistência vascular. (12) A simpatectomia lombar era a cirurgia indicada para o tratamento da hiperten- são maligna, até a década de 1950, pela ausência de medicamentos anti-hiper- tensivos adequados. Posteriormente esta terapia foi abandonada pela alta taxa de complicações e pelo surgimento de me- dicação mais efetiva para o tratamento da HAS. (13,14) As fibras aferentes e eferentes dos ner- vos simpáticos localizam-se ao nível das adventícias das artérias renais, no espaço adiposo perivascular, permitindo que es- tímulos de radiofrequência ou ultrassom modifiquem as estruturas dos nervos. A partir de resultados favoráveis ini- ciais na redução da PA, (4,5) novas técnicas de intervenção percutânea, na parede das artérias renais, foram introduzidas. A téc- nica mais utilizada contempla disparos de radiofrequência intraluminal por cateter, embora o uso de ultrassom ou injeção de substâncias também sejam usadas em menor escala. (7,15,16) O QUE É A DENERVAÇÃO SIMPÁTICA RENAL (DSR) A DSR, que utiliza vários pontos de abordagem na luz de ambas as artérias renais, tem-se apresentado como uma es- tratégia terapêutica para a HANC. (16) O procedimento é realizado por uma equipe de intervencionistas em uma sala de he- modinâmica. Com o paciente sob sedação consciente profunda, o cateter de DSR é avançado até as artérias renais através de punção da artéria femoral comum. (7,16) Há dois principais dispositivos desen- volvidos para realizar a DSR. (7,16) O que apresenta resultados clínicos em maior número de pacientes e com maior tempo de acompanhamento é o cateter Sympli- city Spyral (Medtronic Inc., Minneapolis, Minnesota) (17) (Figura 1 A). Os disparos de radiofrequência são aplicados em diversos pontos do endotélio de ambas as artérias renais, em espiral. O cateter é reposicionado, do segmento distal para o proximal do vaso. O proce- dimento pode ser realizado em artérias renais com diâmetro entre 3mm e 8 mm, antes ou após qualquer bifurcação dos ramos principais, mas evitando vasos de terceira geração, que geralmente são in- traparenquimatosos. (7,16,17)
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