Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

65 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.60-73, jan-abr 2024 Denervação Simpática Renal no tratamento da Hipertensão Arterial Não Controlada Esmeralci Ferreira e Valerio Fuks QUEM DEVE SER ELEGÍVEL PARA A DSR? Os principais candidatos são os pacien- tes comHANC, cuja principal causa da falta de controle da PA é a não aderência, que ocorre em torno de 40% dos indivíduos. (2) A DSR pode ser uma opção quando a hiper- tensão secundária e a hipertensão do jaleco branco forem descartadas, e cuja medica- ção anti-hipertensiva já estiver otimizada ao máximo. Considerações para a seleção do paciente para o tratamento pela DSR incluem a hipertensão não controlada (PA de consultório ≥ 150 x 90 mmHg mesmo com terapia adequada baseada em diretrizes, incluindo mudanças de hábitos de vida, elevado risco cardiovascular ou lesão de órgão alvo, isto é, lesões no coração, rins ou cérebro e doença vascular periférica). A opção pela DSR deve ser compar- tilhada com o paciente, em relação aos benefícios, possíveis riscos, e circunstân- cias afetadas pelos determinantes sociais da saúde (baixo salário, dificuldade de lidar com receituário muito complexo); e endosso do candidato por um especialista em hipertensão (ou nefrologia) e um inter- vencionista. Os critérios de exclusão utili- zados nos estudos clínicos randomizados foram displasia fibromuscular, estenose da artéria renal acima de 50%, stent na artéria renal nos últimos 3 meses, taxa de filtração glomerular abaixo de 40–45 mL/ min/1,73 m 2 , rim único e transplante renal. Os estudos de DSR identificaram bai- xíssimos riscos inerentes ao procedimento no que tange ao dispositivo, podendo haver complicações ligadas à punção da arterial femoral. Sendo assim, o tratamento deverá ser realizado preferencialmente emum cen- tro de excelência, composto por especialista em hipertensão arterial, intervencionistas experientes nas técnicas de tratamento por cateter (cardiologistas ou radiologistas), que possam selecionar o paciente para a DSR, assegurar o uso apropriado da tec- nologia e prover cuidados pertinentes. (2,5) AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO PÓS-DENERVAÇÃO SIMPÁTICA RENAL PERCUTÂNEA Estudos demonstraram a redução da liberação de norepinefrina plasmática em pacientes submetidos à DSR, (18) entretanto não há um marcador clínico, laboratorial ou mesmo procedimento para avaliação da resposta da hipertensão arterial à DSR. Estudos com pequena amostra de pacientes demonstram que a frequência cardíaca > 70 bpm e a taxa de renina plasmática >0,65 seriam preditores de um bom respondedor à DSR. (19,20) A resposta individual de cada paciente é difícil de ser predita, em razão da varia- bilidade na hiperatividade simpática ou da ablação renal, uma vez que entre 10% a 30% dos pacientes não respondem à DSR, ao menos inicialmente, em que pese 20% a 30% dos pacientes têm uma redução da PA acima da média. A presença de hipertensão arterial elevada combinada (PAS/PAD),

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