Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
75 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.74-79, jan-abr 2024 A importância do diagnóstico diferencial entre dengue e febre maculosa: relato de caso Luiz José de Souza et al. se necessário. O cloranfenicol também é eficaz, embora menos utilizado atualmente. O vírus da dengue também compõe a classe das doenças febris agudas. Do gênero Flavivirus , pertencente à família Flaviviridae e é mundialmente conhecido. Ocorreu em mais de 125 países ao longo dos anos e atingiu 2,5 bilhões de pessoas em áreas tropicais e subtropicais. Várias epidemias de dengue foram registradas no Brasil nos últimos 30 anos, com um soma- tório que ultrapassa 8 milhões de casos. O DENV tem um período de incubação de 3 a 15 dias, após o qual o paciente pode exibir manifestações como febre alta, ce- faleia, mialgia intensa, artralgia, náusea e vômitos, além de prurido e prostração, que podem, posteriormente, evoluir para formas mais críticas, como dor abdominal intensa, hemorragias e choque. 2 DESCRIÇÃO DO CASO Sexo masculino, 53 anos, natural e procedente de Campos dos Goytacazes, atualmente morador do Parque Esplanada, pedreiro. Previamente hipertenso e diabé- tico, em uso contínuo de glibenclamida e losartana em doses mínimas. No dia 30 de dezembro de 2023 iniciou quadro de febre não aferida, artralgia, mialgia, dor retro-orbitária, prostração e astenia. Durante o exame físico, apresen- tava-se subfebril, normotenso e eucárdico. Procura atendimento no quarto dia de sin- tomas e relata ter encontrado um carrapato são tanto reservatórios quanto vetores na natureza, devido à transmissão que ocorre transovariana e transestadial. No Brasil, a infecção pelo R. rickettsii é transmiti- da por picadas de carrapatos infectados de várias espécies, salientando-se o da espécie Amblyomma cajennense, ou "car- rapato do cavalo". 2 Após a inoculação no corpo humano, os pacientes desenvolvem sintomas sistêmicos em cerca de 10 dias, inicialmente inespecíficos e indiferenciá- veis de outras doenças febris tropicais e endêmicas. Fatores como deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase, alcoolis- mo, idade avançada e uso recente de sul- fonamidas foram associados a uma maior gravidade da doença. A manifestação clí- nica varia de acordo com a patogenicidade da espécie de Rickettsia rickettsii , sendo esta a mais comum no Brasil. Portanto, a sobrevivência dos pacientes depende de uma avaliação precisa e rápida institui- ção de tratamento específico. Os sintomas incluem febre, cefaleia, mialgia, náusea, vômitos, dor abdominal e exantema macu- lopapular. Em casos graves, pode ocorrer comprometimento pulmonar, renal e neu- rológico, exigindo tratamento imediato com antibióticos, como doxiciclina, sem esperar por confirmação laboratorial. Os métodos diagnósticos incluem hemocultura, biópsia de pele, sorologia e reação em cadeia da polimerase (PCR). As tetraciclinas, espe- cialmente a doxiciclina, são o tratamento padrão, podendo ser administradas por via oral com alimentos ou parenteralmente,
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