Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
77 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.74-79, jan-abr 2024 A importância do diagnóstico diferencial entre dengue e febre maculosa: relato de caso Luiz José de Souza et al. As manifestações clínicas dependem da patogenicidade da espécie de Rickettsia . No Brasil, a mais encontrada é a R. Ric- kettsii , portanto a sobrevida dos pacientes depende de uma avaliação apurada, com alto nível de suspeição e rápida instituição de tratamento específico. Os sinais e sintomas inicialmente se apresentamde maneira inespecífica, mime- tizando uma série de síndromes infecciosas agudas. Os sintomas clássicos a princípio são febre, cefaleia e mialgia. Em seguida, rapidamente evolui com náusea, vômitos e dor abdominal importante. A presença do exantema é variável, porémquando presente tem formato maculopapular, iniciando-se geralmente pelas extremidades e depois atingindo a região central. Não é incomum a presença de linfadenopatia, sobretudo nos linfonodos proximais ao local da inoculação. Em casos mais severos, ocorre acome- timento pulmonar levando a um quadro súbito de dispneia, tosse e insuficiência respiratória aguda que rapidamente evolui, requerendo ventilação mecânica invasiva. Além disso, frequentemente esses pacien- tes apresentam lesão renal por necrose tubular aguda resultante de um padrão de acometimento pré-renal, que muitas vezes necessita de suporte dialítico. Do ponto de vista neurológico, esse paciente pode apresentar desde delirium até convulsões tônico-clônicas generalizadas. Nesses pacientes, novamente destaca-se a importância da história epidemiológi- ca para sustentar a hipótese diagnóstica. Relatos de viagem recente para local en- dêmico e exposição a locais de risco, como zonas rurais, são de grande importância para o médico avaliador. Portanto, diante de um quadro de forte suspeição deve ser instituído o tratamento antibiótico de maneira imediata, não sen- do necessário, sob nenhuma hipótese, o resultado laboratorial confirmatório para o início da medicação. A partir de exames diagnósticos, temos a possibilidade de coletar hemocultura, realizar biópsia de pele com análise imu- no-histoquímica da lesão maculopapular, sorologia pelo método de imunofluores- cência indireta e amplificação do DNA pelo método de PCR através de amostras de sangue periférico, plasma e tecidos. Ressalte-se que as sorologias e a PCR são os métodos mais utilizados. Com relação à antibioticoterapia, as te- traciclinas são as medicações preconizadas, em especial a doxiciclina. Recomenda-se sua administração junto coma alimentação, uma vez que não altera sua biodisponibilidade e melhora a tolerância gastrointestinal do paciente. Se ainda com essa estratégia o pa- ciente não tolerar a medicação, ela deve ser feita via parenteral. O cloranfenicol também é um antimicrobiano eficaz no tratamento da febre maculosa, porém atualmente pouco disponível nos hospitais. 3 Em relação aos diagnósticos diferen- ciais, tem-se como principal a dengue. Dos casos de febre maculosa atendidos no
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