Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

MEDICINA E ARTE | MEDICINE AND ART 80 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.80-87, jan-abr 2024 Bastão de Asclépio ou Caduceu de Hermes – Qual é o verdadeiro símbolo da Medicina? Rod of Asclepius or Caduceus of Hermes – What is the true symbol of Medicine? Antônio Braga 1 1 Professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRJ e UFF. Mestre, Doutor e Pós-Doutor pela UNESP. Pós- Doutor pela Harvard Medical School e pelo Imperial College of London. Livre-Docente em Obstetrícia pela UNIFESP e UNESP. Presidente emérito da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Jorge Rezende-Filho 2 2 Professor Titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRJ. Mestre e Doutor em Obstetrícia pela UFRJ. Livre-Docente em Obstetrícia pela USP. Membro Titular da Academia Nacional de Medicina. Correspondência Prof. Dr. Antônio Braga Universidade Federal do Rio de Janeiro Rua das Laranjeiras, 180 - Laranjeiras Rio de Janeiro - RJ CEP: 22240-003 E-mail: [email protected] Conquanto Ciência, é a Medicina também Arte! Com uma história milenar, cujas origens se perdem nas brumas da história e remontam ao alvorecer da humanidade, a Medicina consoli- dou-se através dos séculos plena de simbologias, muitas das quais se mantêm até os dias atuais. Não seria desarrazoado atribuir o uso do branco entre os médicos às vestimentas hipocráticas de Cós oumesmo à pureza das sacerdotisas romanas do templo das deusas Vestais. Da mesma forma, o uso de esmeralda nos anéis de formatura de Medicina relembra o apreço de Asclépio à fito- terapia como também seu uso pelo Imperador Júlio César para evitar crises epiléticas. Nesse mesmo sentido é que se sustenta o bastão de Asclépio como o verdadeiro símbolo da Medicina (Figura 1). Contudo, não tem sido infrequente que a imprensa leiga e mesmo a mídia médica desavisada utilizem o caduceu de Hermes para referir-se à Medicina (Figura 2). Para dirimir essa confusão, é objetivo desse artigo descrever as representações associadas a esses símbolos, de modo a rechaçar a infame associação do ca- duceu de Hermes com a Medicina. Para esclarecer essa querela, cabe aqui re- tratar os personagens envolvidos nessa cizânia: Asclépio e Hermes. A mitologia grega apresenta-nos Asclépio como filho de Apolo e Corônis, que sobreviveu à cesariana post-mortem de sua mãe (Figura 3), sendo educado pelo centauro Quíron, no monte Pélion, com quem aprendeu a aliviar a dor e o sofrimento humano. (1) Adquiriu tama- nha habilidade cirúrgica e na manipulação das ervas, podendo até trazer os mortos de volta à vida, que despertou inveja de Zeus, tendo

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