Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

82 Bastão de Asclépio ou Caduceu de Hermes – Qual é o verdadeiro símbolo da Medicina? Antônio Braga, Jorge Rezende-Filho Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.80-87, jan-abr 2024 Apresentações feitas, passemos à ques- tão do Símbolo da Medicina. O bastão de Asclépio é representado por um cajado de madeira com uma serpente enrolada. Acredita-se que o símbolo seja anterior à civilização grega, por vezes referida como um símbolo mesopotâmio de Ningizzida – o deus da fertilidade, do matrimônio e das pragas. (3) Não se deve olvidar que a tradição grega sempre associou a serpente a um sím- bolo de cura e saúde. Isso porque a mudança de pele das serpentes evoca o renascimento e a imortalidade, simbolizando renovação e poder. Ademais, o veneno da serpente associa-se tanto à morte, quanto à cura (o soro antiofídico), trazendo a representação judaica da queda de Eva (Gênesis 3:1-16), como também a cura de Moisés (Números 21:9). Por fim, ao demandar de seus cuida- dores a máxima atenção, a serpente marca a atenção que os curadores devem ter com seus doentes, chancelando essa figura, em definitivo, aos aspectos simbólicos da saúde. (4) Há ainda um aspecto da vida cotidiana na Grécia, que estimulava a criação de serpen- tes não venenosas nas casas e templos, não apenas por seu significado místico, como também por manter distante as pragas e doenças, já que se alimentavam de ratos – grandes transmissores de pestes. A ligação de Asclépio com a serpente inicia-se com seu pai – Apolo, que matara a Píton de Delfos. Em seu ministério de curar, Asclépio observara certa vez uma serpente carregando ervas na boca e que foi capaz de ressuscitar outra serpente. Imitando a víbora, Asclépio trouxe Glauco à vida, após sua morte, fulminado por um raio. Desse feito, a serpente foi incorpo- rada de vez à figura de Asclépio, (5) sendo frequentemente retratada junto a ele, como nos mostra a Figura 4. Figura 4 Estátua de Asclépio, encontrada no santuário de Epidauro e exibida no Museu Arqueológico de Atenas, Grécia. Cerca de 160 a.C.

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