Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

84 Bastão de Asclépio ou Caduceu de Hermes – Qual é o verdadeiro símbolo da Medicina? Antônio Braga, Jorge Rezende-Filho Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.80-87, jan-abr 2024 concepção egípcia, não seja visto como deus da Cura, apanágio de Imhotep. Ainda as- sim, e notadamente com o desenvolvimento da hermenêutica alquímica, que nenhuma relação guarda com o grego Hermes, e sim com o Trismegistos egípcio, também refe- rido como “O Luminoso” – vencedor má- gico da obscuridade, tornou-se o caduceu de Hermes o símbolo da alquimia. (13) Não tardou para que o símbolo transmutasse da alquimia para a Farmácia e chegasse à Medicina, como nos assevera Schouten, eminente historiador da cidade holandesa de Gouda. (14) Um segundo aspecto, e talvez o mais im- portante deles, repousa na figura de Johann Froben e seu filho Hieronymus Frobenius, editores suíços da Basileia que divulgaram obras médicas, dentre as quais de Hipó- crates e Aetius de Amida. Isso porque sua tipografia usara logotipo semelhante ao caduceu de Hermes no frontispício de seus livros (Figuras 7 e 8), difundindo a equivocada ideia de que esse símbolo se associava à Medicina. A terceira circunstância que fortaleceu essa celeuma foi sugerida por Friedlander ao salientar a confusão do Exército fran- cês que designou por caduceu o bastão de Asclépio. (15) Isso se materializou entre os idos de 1901 e 1920 na revista Le Caducée: Journal de chirurgie & de medicine d’armée, que estampava em sua capa algo que mais lembrava um bastão de Asclépio. Embora confuso, isso apenas caracterizava uma peculiaridade linguística, como podemos Figura 6 Estátua de Hermes feito de mármore, trajando a petasus (chapéu redondo), a capa de um viajante, o caduceu e uma bolsa. Museu do Vaticano.

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