Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
86 Bastão de Asclépio ou Caduceu de Hermes – Qual é o verdadeiro símbolo da Medicina? Antônio Braga, Jorge Rezende-Filho Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.80-87, jan-abr 2024 Explicações feitas, confusões desfei- tas, resta salientar por que não podemos permitir que o caduceu de Hermes seja associado à Medicina. Desde os primórdios que a Arte de Curar tem sido exercida por abnegados. Ainda que a previsão de pagamento pelos serviços médicos esteja presente desde o Código de Hamurabi, no Corpus Hippocraticum já se falava em moderação nessa relação. Para além disso, a associação indigna entre a Medicina e o comércio, feita por ignorância ou má-fé, há que ser rechaçada não apenas por sua natureza torpe, mas também antiética. Não haveria de ser diferente o nosso Có- digo de Ética Médica, em seus Princípios Fundamentais, ao estatuir, no artigo 9 o , e de forma categórica, que “a Medicina não pode, em qualquer circunstância, ou de qualquer forma, ser exercida como comércio” . (18) Que esse artigo possa inspirar os mais jovens, assim como renovar a fleuma dos mais experientes, no sentido de elevar suas mentes e coração aos ideais mais puros da Medicina – o humanismo que dá sentido à Arte de Curar e a misericórdia que aco- lhe, a todos, de modo fraterno e solidário. Esses valores, imateriais, longe de serem comercializáveis, estão entranhados na Tradição judaico-cristã, grego-romana, e que apresenta o bastão de Asclépio, de modo inquestionável, como o verdadeiro símbolo da Medicina. REFERÊNCIAS 1. SmithW. Dictionary of Greek and Roman. Biography and Mythology. Boston: Little, Brown and Company. Vol II. 1867. 2. Hesíodo. Os trabalhos e os dias. trad. Mary de Camargo Neves Lafer. São Paulo: Iluminuras, 1989. 3. Hart GD. Asclepius: the god of medicine. History of Medicine Series. London: Royal Society of Medicine Press, 2000. p. 177-9. 4. Edelstein EKL, Edelstein L. Asclepius: collection and interpretation of the testimonies. Volume 1, Ancient Studies. Johns Hopkins University Press, 1998. p. 12-3. 5. Sulmasy DP. A balm for Gilead: meditations on spirituality and the healing arts. Georgetown University Press, 2006. p. 55-6. 6. Hart GD. Asclepius: the god of medicine. History of Medicine Series. London: Royal Society of Medicine Press, 2000. p. 7-8. 7. Liddell and Scott, Greek-English Lexicon; Stuart L. Tyson, "The Caduceus", The Scientific Monthly 1932;34(6):493. 8. Howey MO. The Encircled Serpent: A Study of Serpent Symbolism in All Countries And Ages, New York, 1955, p. 77. 9. Metzer WS. The caduceus and the Aesculapian staff: ancient eastern origins, evolution, and western parallels. South Med J 1989; 82: 743-8. 10. Prates PR. Do bastão de Esculápio ao caduceu de Mercúrio. Arq Bras Cardiol. 2002;79(4):434-6. 11. Rezende JM. O símbolo da medicina. In: À sombra do plátano: crônicas de história da medicina. São Paulo: Editora UNIFESP, 2009.
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